•  quarta-feira, 01 de maio de 2024
Superpoderes

Superpoderes

Quem lê quadrinhos costuma acreditar que a vida seria muito mais interessante se vivêssemos em um mundo em que superpoderes são perfeitamente possíveis. Claro, isso desde que você fizesse parte do seleto panteão de seres com poderes especiais que habitam essa realidade, porque deve ser muito chato ser ordinário em um mundo de excepcionais.

Mas, por outro lado, não é porque não temos Vingadores singrando o nosso céu ou invasão de alienígenas roxos e verdes que nosso mundinho comum seja sem graça. Até porque, do meu ponto de vista, acredito que todo mundo tem algum tipo de poder.

Eu, por exemplo, tenho uma habilidade que bem poderia estar nas histórias do Homem-Aranha, o meu próprio “sentido de aranha”. A diferença é que, enquanto que nos quadrinhos Peter Parker tem esse poder que o alerta para o perigo, o meu apenas avisa para a presença de aranhas no ambiente. Como numas noites atrás, estava correndo por uma rua escura quando vi que minha próxima passada colocava em risco um pobre aracnídeo que passeava pela calçada. A besta parecia ter uns três metros de tamanho, com as pernas encolhidas – sim, eu sei que eram só alguns centímetros, mas né? – e, para evitar pisoteá-la, tive de mudar a direção da passada em pleno ar, em um movimento que ginastas poderiam facilmente incluir em suas apresentações. Se possuísse esse poder, o Homem-Aranha não teria sido picado e ganhado seus poderes. Nos quadrinhos, seria uma grande oportunidade perdida, mas aqui na vida real, em que aranhas só transmitem veneno e não superpoderes, essa habilidade é bem útil.

Também tenho o superpoder de ler muito rápido, uma habilidade que desenvolvi quando passava muito tempo em bancas de jornais e sem dinheiro para comprar todas as revistas que queria ler. Aqueles avisos de “proibido folhear as revistas” foi praticamente inspirado em mim.

Mas claro, esses tipos de poderes são importantes apenas para mim, quando muito, para aranhas desavisadas que cruzam o meu caminho. Tem pessoas com poderes muito mais legais por aí.

Tipo, tem gente que sabe ouvir e que, como poucos, tem a capacidade de escutar os desabafos dos amigos, dos familiares. Oferecer um ombro para que aquela pessoa querida possa chorar e desabafar. Isso é de grande utilidade, principalmente quando não há sorvete ou chocolate disponíveis.

Tem também aqueles que são capazes de saírem de seu lugarzinho de conforto, muitas vezes conquistado até sem esforço, e se juntarem aos menos favorecidos, lutar por melhores condições para quem está na parte debaixo da pirâmide. Porque é muito fácil ter um superpoder – financeiro, por exemplo – e se tornar o vilão. Nos quadrinhos, todos sabem que o poder corrompe. Na vida real não é diferente e, muitas vezes, não precisa ser um poder tão grande. Em alguns casos, um simples crachá pendurado no pescoço parece transformar um cidadão comum no próximo Thanos.

Enfim, a verdade é que você pode até pensar como o Flecha, de Os Incríveis (a animação da Pixar), e acreditar que “dizer que todos são especiais é só uma maneira de dizer que ninguém é”. Ou então, pode olhar ao redor e enxergar que todos tempos poderes e, mesmo que não sejam super, podem mudar a vida de alguém de alguma forma. Você só precisa descobrir qual o seu e usá-lo para o bem.

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