•  domingo, 05 de maio de 2024

Ocean Viking resgata 407 pessoas em 72 horas no Mediterrâneo

Foram cinco operações noturnas, as duas últimas na noite de domingo (26),

quando equipes retiraram do mar 184 pessoas

 

As últimas 72 horas foram complicadas para o Ocean Viking, navio de busca e salvamento operado por Médicos Sem Fronteiras (MSF) e SOS Méditerranée. A embarcação realizou cinco resgates noturnos no Mediterrâneo central de sexta-feira (24) a domingo (26), os dois últimos ontem à noite, quando as equipes resgataram 184 homens, mulheres e crianças que corriam risco de morte.

 

O primeiro resgate de domingo (102 pessoas) foi realizado a 80 milhas ao norte da costa da Líbia e o segundo (82 pessoas) ocorreu na área de busca e resgate de Malta. Nos dois casos, os sobreviventes viajavam em botes de borracha precários e superlotados.

 

Com os dois últimos salvamentos, o Ocean Viking transporta 407 sobreviventes no total. Quase 40% são crianças e menores de 18 anos, 132 deles acompanhados. A maioria das pessoas é de Bangladesh, Somália e Eritreia.

 

Foram dias complicados”, explica Aloys Vimard, coordenador de MSF no Ocean Viking. “Recebemos informações de pelo menos oito embarcações em perigo. Apesar do inverno, do mau tempo e dos poucos barcos dedicados ao resgate, as pessoas continuam saindo e tentando esta jornada mortal”, afirmou.

 

As pessoas que resgatamos nos dizem que a situação de segurança se deteriora dia após dia. Na Líbia, há um conflito ativo. Todos os países europeus e a ONU sabem que não é um país seguro, mas 49 pessoas foram interceptadas e forçadas a voltar para lá. Quando solicitamos um local seguro para o desembarque das 92 pessoas resgatadas na primeira operação às autoridades marítimas da Líbia, eles nos designaram o porto de Trípoli, o que é inaceitável. Solicitamos uma alternativa às autoridades marítimas competentes, mas não sabemos quando ou onde poderemos desembarcar com segurança. As pessoas perguntam, têm medo de serem devolvidas à Líbia”, explicou Vimard.

 

Todos os resgates realizados pelo Ocean Viking nos últimos três dias ocorreram à noite. O primeiro foi às 5h de sexta-feira, quando, em uma operação complicada, as equipes resgataram 92 pessoas de um barco de borracha lotado a 30 milhas ao norte da Líbia. Muitos sofriam de hipotermia, tontura e fraqueza, além de estarem encharcados de combustível, causa comum de queimaduras químicas no mar, pela exposição ao sol e sal.

 

O segundo resgate aconteceu na madrugada do sábado (25) e também foi feito antes do amanhecer. O Ocean Viking resgatou 59 pessoas que cruzavam o Mediterrâneo por uma balsa precária a 26 milhas ao norte da costa da Líbia. O terceiro ocorreu poucas horas depois, na tarde do mesmo dia, quando as equipes prestaram ajuda médica a 72 pessoas que estavam amontoadas em um barco de madeira muito instável. A operação ocorreu na área de busca e salvamento em Malta.

 

Líbia não é um lugar seguro

 

Na sexta-feira, após o primeiro resgate, as autoridades marítimas da Líbia designaram Trípoli para o desembarque dos primeiros 92 sobreviventes. O Ocean Viking rejeitou a opção pelo país passar por conflitos e não oferecer segurança. Médicos Sem Fronteiras e SOSMediterranée solicitaram novo local seguro para o desembarque do contingente nos centros de coordenação de resgate marítimo na Itália e Malta, mas até a tarde desta segunda-feira (27) não havia recebido uma resposta.

 

Além das operações realizadas, a embarcação Ocean Viking recebeu durante o fim de semana informações de pelo menos oito pedidos de socorro em região próxima à costa da Líbia. Todos os navios resgatados deixaramo país, em estado conflagrado, que a maioria das pessoas resgatadas concorda em qualificar como um inferno absoluto.

 

Em 2019, o total de mortos e desaparecidos no Mediterrâneo Central chegou a 753 pessoas, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Essa travessia constitui a rota migratória mais mortal do mundo.

 

Sobre Médicos Sem Fronteiras

Médicos Sem Fronteiras é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados, desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem nenhum acesso à assistência médica. Oferece ajuda exclusivamente com base na necessidade das populações atendidas, sem discriminação de raça, religião ou convicção política e de forma independente de poderes políticos e econômicos. Também é missão da MSF chamar a atenção para as dificuldades enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos.

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