•  sexta-feira, 26 de abril de 2024

Desafios impostos pelo isolamento social

Psicóloga Sinara Silva Vieira analisa sobre os reflexos do isolamento social em vários âmbitos dos relacionamentos

 

Na situação atual da pandemia do coronavírus, o isolamento social traz novos desafios para o convívio entre aqueles que dividem a mesma casa. Estes desafios vão desde o relacionamento entre pais e filhos, o dia a dia do casal, assim como as mudanças radicais na rotina dos adolescentes e dos idosos.

Antes do surto da Covid-19, o convívio entre pais e filhos intercalava com movimentos entre escola, trabalho, idas à academia, visita aos avós, saídas para parques, shoppings, entres outros movimentos de circulação. A necessidade do isolamento para evitar a maior propagação do vírus exigiu de cada cidadão uma adaptação da sua rotina para a nova realidade em que vivemos.

A adaptação ao “home office” foi um dos primeiros desafios enfrentados por muitas pessoas, assim como os estudos online por estudantes, sejam eles crianças, adolescentes, adultos e até mesmo idosos. O ambiente de casa, que geralmente era lugar de lazer e descanso, se tornou um lugar de trabalho diário. Acostumar-se com o barulho dos vizinhos, filhos e manter o foco ao mesmo tempo, pode parecer impossível às vezes, não é mesmo? Porém trocar a roupa e se arrumar como se fosse um dia normal, estipular horas de sono regulares e acordar nos mesmos horários de costume podem ajudar bastante a acostumar-se mais rapidamente a essa nova realidade que foi imposta a todos.

Outro aspecto que mudou radicalmente na vida das famílias foi o contato de 24h por dia entre pais e filhos. Manter as crianças entretidas o dia todo parece uma tarefa impossível, pois durante a infância temos a impressão de que a energia dos pequenos nunca acaba. Isso exige dos pais muita criatividade para aproveitar esse momento em família e desenvolver em conjunto as habilidades dos seus filhos, ao mesmo tempo fortalecendo os laços familiares. Além disso, as crianças também necessitam de rotina e apoio para realizarem com maior qualidade as atividades estipuladas pelas escolas, pois o foco dos pequenos se dispersa mais facilmente, necessitando, desta forma, mais atenção, colaboração, flexibilidade e paciência de seus responsáveis.

Outros grupos que têm dificuldade de adaptar-se são os adolescentes e jovens, pois durante essa fase da vida o convívio diário com os amigos faz muita falta. Os encontros em festas, escola, esportes, restaurantes, bares foram trocados por vídeo-chamadas, as quais não suprem totalmente o contato físico. Com isso, muitos jovens sentem-se mais solitários, podendo até desencadear doenças psicossomáticas, como a depressão, ansiedade, pânico… Desse modo, alerta-se quanto à necessidade do estreitamento no convívio familiar, do diálogo, da compreensão, da atenção e da proposta de atividades prazerosas em conjunto com a família. A estipulação de uma rotina também é essencial e fundamental para eles.

Os idosos fazem parte de outro grupo que exige bastante atenção, pois por serem pessoas mais vulneráveis e estarem incluídas no grupo de risco, suas rotinas sofreram alterações significativas, incluindo o afastamento com seus filhos e netos, suas rotinas diárias que os mantêm saudáveis – como feiras, farmácias, mercados, grupos de idosos, academias entre outros. A dificuldade em manusear os meios tecnológicos também corrobora com isolamento e distanciamento social, pois muitos deles não dominam a tecnologia para utilizarem das vídeo-chamadas, aplicativos que permitem a interação com aqueles que estão longe. Ou seja, o isolamento social trouxe a todos, mas principalmente às crianças e à terceira idade, consequências que interferem na saúde física e mental. Importante ressaltar que devemos nos atentar a hábitos alimentares saudáveis, rotinas diárias e práticas de exercícios físicos regulares para manter um corpo e uma mente saudável e em equilíbrio.

Assim, a nova realidade em que vivemos, exige de todos uma adaptação à situação para superar os obstáculos impostos e aproveitá-la da melhor forma possível. É fundamental que sejamos mais tolerantes, compreensivos e prestativos com aqueles que estão ao nosso redor.

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