•  domingo, 19 de maio de 2024

Nos EUA, indicadores continuam ruins, mas mercado dá sinais de amadurecimento

Por Ernani Reis, da Capital Research

O Banco Central norte-americano divulgou na tarde desta quarta-feira (15) o relatório conhecido como Livro Bege. Nele, o Federal Reserve (Fed) reportou as atuais condições econômicas nos 12 distritos cobertos pelo órgão. Apresentado sempre duas semanas antes de cada reunião do FOMC, espécie de Copom dos EUA, o relatório tem peso importante na decisão sobre as taxas de juros de curto prazo.

De acordo com o relatório, “a atividade econômica contraiu-se brusca e abruptamente em todas as regiões dos Estados Unidos como resultado da pandemia de Covid-19.” As indústrias mais atingidas foram as de lazer, hotelaria, varejo e bens essenciais, em reflexo às medidas de distanciamento social e fechamento obrigatório. Na contramão, os produtores de alimentos e produtos médicos relataram forte demanda, mas enfrentaram atrasos na produção devido às medidas de prevenção de infecções e interrupções na cadeia de suprimentos.

Assim como deve acontecer no Brasil, o setor de energia vem sofrendo com preços baixos, investimentos reduzidos e queda nos resultados, já a demanda por empréstimos está alta, tanto de empresas que acessam linhas de crédito quanto de famílias que refinanciam as hipotecas. Todos os distritos relataram perspectivas altamente incertas entre os contatos comerciais, esperando que as condições piorem nos próximos meses.

O Livro Bege foi acompanhando mais de perto pelos investidores dessa vez porque o Federal Reserve vinha dando alguns sustos no mercado. O anúncio vem na esteira de uma série de medidas de emergência anunciadas pelo BC americano para reduzir os efeitos da pandemia na economia. Entre as mais enérgicas o lançamento de US$ 2,3 trilhões em empréstimos e a redução da taxa de juros para quase zero (0% – 0,25%) no dia 15 de março.

Dessa vez, no entanto, o quadro pintado pelo Federal Reserve não foi tão feio e o mercado não reagiu tão mal. Isso porque, apesar da piora registrada em quase todos os setores nos 12 distritos, o mercado já parece estar mais calejado e tem reduzido bastante a volatilidade nos últimos dias, o que indica que já está mais preparado para aguentar os principais solavancos. Os dados dos pedidos de seguro-desemprego, divulgados na manhã desta quinta-feira (16), são melhores do que os da semana passada e a expectativa do anúncio de Donald Trump sobre uma possível reabertura da economia também ajudaram a acalmar os ânimos.

Além disso, para ajudar as empresas a manterem as portas abertas, o Fed inclui a sinalização de que financiará a compra de alguns tipos de títulos de alto rendimento emitidos por empresas que receberam grau de investimento antes do início da crise, mas que foram rebaixadas desde então. O que não deixa de ser interpretado como um bom sinal pelos principais players do segmento.

De qualquer forma, apesar de todos os esforços, a produção industrial dos Estados Unidos recuou 5,4% em março, registrando as quedas mais expressivas desde janeiro e fevereiro de 1946, respectivamente. Os dados confirmam o cenário de recessão e indicam uma recuperação lenta da economia norte-americana, o que torna o desafio para os países emergentes ainda maior.

 

 

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