•  quinta-feira, 16 de maio de 2024

Em dois anos, dobra o número de contratos de trabalho intermitente no Brasil

Dados divulgados nesta quinta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em dois anos, dobrou o número de trabalhadores contratados sob a modalidade de trabalho intermitente no Brasil. A Região Nordeste lidera, em proporção, esse tipo de contratação.

Esta é a primeira vez que o IBGE divulga dados sobre o trabalho intermitente. Ele foi instituído no Brasil a partir da Reforma Trabalhista, que acaba de completar três anos. Trata-se de uma modalidade em em que o trabalhador é contratado com carteira assinada, mas sem a garantia de jornada mínima de trabalho.

Sob o contrato intermitente, o trabalhador é chamado para o exercício de sua atividade de acordo com a necessidade da empresa que o contratou e, assim, pode ficar meses sem trabalhar e, consequentemente, sem remuneração.

Com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, o órgão apontou que, em 2019, foram registradas mais de 155 mil contratações sob essa modalidade, o que representou 1% de todas os contratos com carteira assinada firmados no país.

O número é superior ao dobro do registrado em 2018, primeiro ano de vigência da nova Lei Trabalhista, quando foram registradas 71 mil contratos de trabalho intermitente, que representaram 0,5% dos contratos com carteira assinada.

Enquanto o número de contratos intermitentes aumentou em 117,5% na passagem de 2018 para 2019, o número total de carteiras assinadas aumentou em apenas 4,6% no mesmo período, o que dimensiona o avanço da nova modalidade de trabalho.

“Em todas as Grandes Regiões, houve aumento no número de admissões por contrato intermitente nesse período. Assim, apesar de representarem números relativamente pequenos sobre o total das admissões, o crescimento apresentado em apenas um ano é digno de atenção e monitoramento”, ponderou o IBGE.

 

Trabalho intermitente representou 13,3% do saldo de empregos

 

Em sua análise, o IBGE destacou que o saldo de empregos – resultado das contratações menos as demissões – “permite constatar de forma mais evidente o aumento da utilização da modalidade intermitente de vínculo empregatício”.

Em 2019, mais de 85 mil novos postos de trabalho gerados no país foram na modalidade intermitente, o que representou 13,3% de todos os novos empregos com carteira assinada. Um ano antes, o saldo foi de mais de 51 mil postos de trabalho com contrato intermitente, que corresponderam a 9,4% das carteiras assinadas no país.

A Região Nordeste foi a que registrou a maior proporção de trabalho intermitente em relação a todas as contratações formais. Em 2019, 19,9% das carteiras assinadas naquela região foram sob a modalidade intermitente.

A Região Sudeste apresentou a segunda maior proporção de contratos intermitentes, representando 14,2% dos postos de trabalho gerados em 2019, seguida pelo Centro-Oeste (11,8%) e pelo Norte (10,1%). A menor proporção foi observada na Região Sul (9,3%).

Embora não tenha analisado detalhes do trabalho intermitente, como média de horas trabalhadas e a remuneração, o IBGE enfatizou que essa modalidade representa “uma característica de vulnerabilidade da ocupação formal”, uma vez que ele compromete a remuneração mensal do trabalhador, impactando inclusive em verbas trabalhistas, como férias e 13º salário.

Em outros países, destacou o instituto, essa modalidade de contratação ficou conhecida como zero hour contract (contrato zero hora, na tradução literal).

G1

Ler Anterior

WhatsApp terá bot para checagem de conteúdos duvidosos através do ‘Fato ou Fake’

Ler Próxima

Dúvidas sobre Instagram: acesso desconhecido e app que mostra quem deixa de seguir seu perfil