Comércio lidera perda de vagas
O mercado de trabalho mostrou perda de vagas generalizadas, como consequência das medidas de paralisação para contenção do coronavírus, com comércios e indústrias sendo mantidos fechados e as pessoas em isolamento social.
O único grupamento de atividade que teve aumento no número de ocupados foi o de administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, que cresceu 4,6% em 3 meses. Isso significa um aumento de 748 mil pessoas no setor.
A maior queda foi verificada no comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-11,1%), com menos 2 milhões de empregados. Já a indústria perdeu 1,2 milhão de pessoas (-10,1%), serviços domésticos 1,2 milhão de pessoas (18,7%) e construção, 1,1 milhão (-16,4%).
Informalidade em queda, mas isso não é necessariamente bom
A taxa de informalidade da economia recuou para 37,6% da população ocupada, a menor desde 2016, quando o indicador passou a ser produzido, reunindo 32,3 milhões de trabalhadores. No trimestre anterior, a taxa havia sido 40,6% e no mesmo trimestre de 2019, 41,0%.
Os trabalhadores informais somam os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) e sem remuneração.
“Numericamente nós temos uma queda da informalidade, mas isso não necessariamente é um bom sinal. Significa que essas pessoas estão perdendo ocupação e não estão se inserindo em outro emprego. Estão ficando fora da força de trabalho”, afirmou a pesquisadora.
Com a redução no número de trabalhadores informais, grupo que geralmente ganha remunerações menores, o rendimento médio teve aumento de 3,6%, chegando a R$ 2.460, o maior desde o início da série. Já a massa de rendimento real foi estimada em R$ 206,6 bilhões, uma queda de 5% frente ao trimestre anterior.
Na véspera, o Ministério da Economia divulgou que o país fechou 331.901 vagas com carteira assinada em maio, elevando a 1,487 milhão o número de postos de trabalho formais eliminados desde março.
Outro levantamento divulgado na semana passada pelo IBGE mostrou que, entre os dias 3 de maio e 6 de junho, aumentou em cerca de 1,4 milhão o número de desempregados no país, a maioria no Sudeste.
Em meio a um cenário de recessão e previsão de tombo do PIB (Produto Interno Bruto) em 2020, o Ibre/FGV projeta que a taxa média de desemprego em 2020 deva atingir 18,7%.
A pesquisa Focus mais recente do Banco Central mostra que a expectativa do mercado é de retração de 6,54% para a economia este ano, indo a um crescimento de 3,50% em 2021.
Na véspera, dados divulgados pelo Ministério da Economia mostraram que a economia brasileira perdeu 1,1 milhão de vagas de trabalho com carteira assinada entre os meses de março e abril. Apenas em abril, foram fechados 860,5 mil postos de emprego formal, o pior resultado para um único mês em 29 anos, segundo dados do Caged.