•  quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Noivas acusam empresa de dar golpe em mais de 50 casais: ‘Virou pesadelo’

Há poucos meses de dizer o tão sonhado ‘sim’, cerca de 50 casais descobriram que a empresa contratada para realizar os casamentos abriu falência, e que os eventos não serão realizados. As vítimas alegam que caíram em um golpe ao firmarem contrato com um estabelecimento, localizado em Santos, no litoral de São Paulo. A proprietária afirma que entrará em contato com cada um os clientes para resolver a situação.

Segundo as vítimas, a empresa Lírio Eventos oferecia o serviço de buffet, aluguel do espaço, decoração da festa e, para alguns, até DJ. Os valores ofertados pelos pacotes iam de R$ 11 mil a R$ 22 mil, firmados por meio de contratos. Os noivos tinham a opção de pagar a quantia à vista ou em prestações, por meio de cartão de crédito ou cheques.

Esse foi o caso da recepcionista Rebeca da Silva Medeiros, de 22 anos, que pagou 50% do valor em oito cheques. Ela e o noivo, Anderson Monteiro Lima, 24 anos, encontraram a empresa por meio de um anúncio nas redes sociais e logo marcaram um encontro no escritório da proprietária. No local, eles fecharam o valor de R$ 21.600, que incluía o serviço de buffet, decoração, o aluguel do espaço onde seria realizado o evento e DJ.

“Começamos a pagar em janeiro, mas desde que a contratamos, ela [proprietária] nunca nos levou na casa para conhecer. Marcava comigo e no mesmo dia cancelava. Falava que estava alugada”, afirma Rebeca. Por outro fornecedor, Rebeca soube que o imóvel estava disponível para visita. Segundo a jovem, a partir desse dia, o tom da conversa começou a mudar.

“Aí, ela começou a revelar quem ela era. Mandou muitos áudios, sendo grossa e falando para procurar outro fornecedor, porque ela não ia fazer o meu casamento. Perguntei como ia ficar a questão da devolução dos valores, porque foi ela quem rompeu o contrato. Então, ela me disse que, por causa da pandemia, tanto fazia quem havia cancelado, e que não sabia quando me pagaria, mas que ia se esforçar”, conta.

Segundo Rebeca, depois disso, a proprietária informou que teria até um ano, depois da pandemia, para devolver o valor pago. “Descobrimos o contato de outras noivas, que no passado já foram vítimas dela. Descobrimos pelos fornecedores da Baixada Santista que eles já haviam sido orientados que ela vinha praticando golpes. Foi golpe. Durante a pandemia ela fez contratos com outros noivos. Já quebra o argumento que ela não estava firmando novos contratos e que quebrou na pandemia”, afirma a jovem.

Com a pesquisa, a jovem descobriu um grupo com cerca de 50 pessoas que passaram por situações parecidas. Deste número, ao menos dez registraram a queixa de estelionato.

Outros casais

 

A advogada Sarah Lizandra Santana, de 26 anos, moradora de Guarujá, também acredita que caiu em um golpe. Ela relata que firmou contrato com a empresa para fazer seu casamento por R$ 13.500, com casa, decoração e buffet. O evento estava agendado para ocorrer em janeiro de 2021 e foi confirmado pela dona por meio de uma conversa com o assessor da noiva.

Ao ser questionada pelo assessor se havia fechado o aluguel da casa para o casamento, a empresária diz: “não entendi a sua pergunta. O evento irei realizar em janeiro e estamos em setembro. Fique tranquilo que honro meus compromissos”. Na última semana, a advogada soube, por meio das redes sociais, que um casal havia recebido uma notificação extrajudicial de que o casamento estava cancelado.

“Foi quando eu vi que ela sumiu e não estava mais respondendo no WhatsApp, e trocou a foto dela por uma decoração de casamento”. A noiva afirma que, neste momento, o sentimento é de desespero. “A situação que a gente se encontra é desesperadora. Se ela sabia [que não haveria a cerimônia], por que, no dia 29 de setembro, falou que eu podia dar continuidade no meu casamento?”, desabafa.

A noiva Letícia Vilha de Souza Contreras conta que o primeiro problema que teve com a empresa foi a falta de pagamento do espaço alugado para a realização de seu casamento, em São Vicente. “Recebi uma ligação do lugar avisando que ela [dona] tinha fechado o contrato, mas não havia feito o pagamento. Mesmo com eles a cobrando”. Ela conta que a empresária sempre dizia que iria pagar o valor para o locador, mas nunca apresentava o dinheiro.

“Até que chegou o momento em que eles me ligaram falando que iam liberar a data reservada por falta de pagamento. Me disseram que se eu quisesse reservar, teria que pagar e fazer um novo contrato com eles”, explica. O casal fez o novo contrato com o local e, depois de muita insistência, conseguiu receber o dinheiro pago pelo aluguel do espaço à empresária. Na última semana, soube por um conhecido que a proprietária da empresa havia sumido.

“Eu liguei algumas vezes, o celular dela só dá fora de área. No escritório, não tem absolutamente ninguém. A gente sabe que mesmo com o dinheiro todo pago, ela sumiu e depois recebemos a confirmação de que estava encerrando as atividades e que não ia fazer nenhum casamento, nem agora e nem o ano que vem. É um sonho que virou pesadelo”, finaliza.

Posicionamento

 

Em nota, a Lírio Evento afirma que não deixou de cumprir nenhuma festa em 20 anos de atuação, e que encerrou as atividades devido à pandemia. A empresa relata que está enviando um comunicado extrajudicial para cada uma dos clientes que tinham festas programadas nos próximos meses. Além disso, alega que no início do ano buscará recursos para viabilizar os acordos, sem prejudicar qualquer casamento. A Lírio ainda destaca que a proprietária não fugiu e que não praticou golpe contra os clientes.

G1

Ler Anterior

Malha ferroviária de SP terá aporte de R$ 6 bilhões e geração de 134 mil empregos

Ler Próxima

Universidades federais, que podem perder recursos em 2021, são responsáveis por quase 70% das notas máximas no Enade