•  quinta-feira, 25 de abril de 2024

Outubro será decisivo para Coronavac; veja calendário da potencial vacina em SP

O governo do estado de São Paulo tem hoje à disposição 30 mil doses da Coronavac, a potencial vacina contra Covid-19 desenvolvida pela biofarmacêutica chinesa Sinovac em conjunto com o Instituto Butantan. Dessas, pouco mais da metade delas já têm destino certo: os 9 mil voluntários do estudo clínico que receberam duas doses cada. São todos brasileiros, profissionais da saúde, que estão recebendo a vacina no estudo clínico. Até agora, 5.500 deles já foram recrutados e vacinados, ainda faltam 3.500.

A expectativa do governo é de que até o fim de setembro, todos os voluntários tenham tomado a vacina e, por volta do dia 15 de outubro, todos já tenham as duas doses aplicadas.

Depois dessa bateria de testes do estudo da vacina, o governo paulista vai pedir à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a autorização para registrar a Coronavac no Brasil. Isso deve acontecer na seguinda quinzena de outubro, para que o resultado saia até 15 de novembro. No entanto, a aplicação do produto em brasileiros também depende de uma definição do Ministério da Saúde, já que o departamento responsável pelo Programa Nacional de Imunização do Sistema Único de Saúde (SUS) acompanha os estudos e definirá prioridades no calendário.

É por esses fatores que o mês de outubro tem peso crucial no calendário da Coronavac: é o mês em que chega a primeira grande remessa de doses, em que os testes serão finalizados e quando o governo pedirá à Anvisa a autorização para registrar a vacina. Se uma dessas três etapas do processo não der certo, todo o cronograma pode ser afetado.

Se o Ministério da Saúde não for célere nessa definição, o governo de São Paulo poderia optar por vacinar os habitantes do estado por sua conta e risco, estabelecendo critérios próprios pra isso, segundo interlocutores do governador João Doria (PSDB). Mas os caminhos jurídicos para isso ainda não estão claros.

Em entrevista à CNN nesta quarta-feira (23), Doria voltou a defender a vacinação não seja uma escolha para quem quiser estar imunizado, apenas. “Dentro da legalidade, faremos todo o possível para que em São Paulo seja obrigatória a vacinação”, disse ele.

Prazo otimista

Para conseguir começar a vacinação na população geral em 15 de dezembro, como prevê o governador de São Paulo, algumas etapas ainda precisam ser vencidas. Tudo precisa correr bem com o transporte das 5 milhões de doses que chegam da China em outubro, o restante dos 3.500 voluntários precisa ser recrutado e vacinado com as duas doses até 15 de outubro e os testes não podem ser paralisados por nenhuma intercorrência. Além disso, os resultados devem ser submetidos à Anvisa rapidamente, que precisa autorizar o registro da vacina ainda em novembro. O governo também precisa conseguir viabilizar um plano logístico de vacinação e ter o aval do Ministério da Saúde para aplicar a Coronavac.

“Sim, é um prazo otimista, mas é um prazo justo e correto. Evidentemente se não tivermos nenhum sobressalto, nenhuma situação nova”, admitiu Doria à CNN. “Tudo continuando a correr bem, como tem corrido até aqui, a Anvisa poderia emitir seu boletim até 15 de novembro”, completou.

Na China, 50 mil pessoas já foram vacinadas com a Coronavac. Até agora, 5,3% delas tiveram efeitos colaterais, sendo que nenhum caso foi de grande gravidade. No Brasil, os testes revelam o mesmo resultado: a vacina tem se mostrado uma das mais eficientes em desenvolvimento, com nenhuma intercorrência que preocupasse.

A parceria com o laboratório chinês Sinovac foi assinada pelo Instituto Butantan, órgão ligado ao governo paulista que conduz os testes no estado.

Fila de vacinação

Em agosto, o presidente do Butantan, Dimas Covas, já havia antecipado à CNN que tem uma opinião sobre a sequência para a imunização. “Na minha opinião começaríamos com populações mais expostas, como profissionais das áreas da saúde e segurança e depois pessoas com comorbidades e idosos. Na sequência viriam professores e alunos”, disse ele.

Na entrevista à CNN, Doria, no entanto, trouxe uma novidade: quer colocar os comissários de bordo na segunda etapa da vacinação, logo depois dos profissionais da saúde, especialmente médicos e paramédicos, que seriam o grupo prioritário. Pessoas com comorbidades, deficientes e quem tem mais de 60 anos entrariam na sequência do calendário desejado pelo governo paulista.

Mas o próprio governo reconhece que isso depende do governo federal, pelo Programa Nacional de Imunizações, ou seja, vem do Ministério da Saúde a definição de como será o cronograma de vacinação no Brasil.

Entenda o calendário proposto por Doria

Junho de 2020  Anúncio da parceria entre Instituto Butantan e laboratório privado chinês Sinovac

Julho de 2020 – Início das obras de adaptação da fábrica multiuso que vai produzir a Coronavac no Instituto Butantan; autorização da Anvisa para testes e recrutamento dos voluntários

Setembro de 2020 – Término do recrutamento dos 9 mil voluntários para a fase 3 do estudo brasileiro com a Coronavac

10 a 20 de outubro de 2020 – Chegada das 5 milhões de doses da Coronavac vindas da China por avião

15 de outubro de 2020 – Término da vacinação com voluntários para os testes da Coronavac

Novembro de 2020 – Previsão da autorização da Anvisa para vacinação com a Coronavac

Dezembro de 2020 – Chegada de mais 46 milhões de doses da Coronavac vindas da China por avião

15 a 31 de dezembro de 2020 – Início da vacinação geral com a Coronavac começando com profissionais da saúde

Janeiro/fevereiro de 2021 – Chegada de mais 9 milhões de doses da Coronavac vindas da China por avião; ampliação do público

Março de 2021 – Previsão de término da imunização com a Coronavac em São Paulo

Setembro de 2021 – Previsão de término das obras de adaptação da fábrica que vai produzir a Coronavac em São Paulo

 

CNN BRASIL

 

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