•  quinta-feira, 18 de abril de 2024

Aumentam os casos de violência nas escolas públicas de São Paulo

Após um ano do massacre na Escola Raul Brasil, em Suzano, São Paulo, pesquisa do Instituto Locomotiva e da APEOESP aponta, entre outros dados, que 37% dos estudantes já sofreram algum tipo de violência

Cinco em cada dez professores da rede (54% já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que lecionam – esse número era de 51% em 2017 e de 44% em 2014. Entre estudantes 37% declararam ter sofrido algum tipo de violência (em 2014 eram 28%, e 39% em 2017); Docentes e alunos foram perguntados se souberam de casos de violência nas escolas que frequentam: 90% dos professores responderam que sim (eram 85% em 2017 e 84% em 2014), enquanto 81% dos estudantes relataram saber de episódios de violência em suas escolas no último ano (eram 80% em 2017 e 77% em 2014); os tipos de violência que mais cresceram foram bullying (62% dos estudantes e 70% dos professores relataram casos em suas escolas) e discriminação (35% dos estudantes e 54% souberam de casos em suas escolas). Estes são alguns dos dados apontados pela pesquisa do Instituto Locomotiva/APEOESP sobre violência contra alunos e professores nas escolas públicas de São Paulo.

A presidenta da APEOESP e deputada estadual, professora Bebel, vê como extrema preocupação esses novos dados. “Os números demonstram que o Estado não tem uma política para prevenir e reduzir o índice de violência nas escolas paulistas. Sei que não há condições de zerar essas ocorrências, mas é necessário que a Secretaria da Educação tome medidas para que esse assunto seja debatido nas unidades escolares, para que a comunidade seja chamada a participar da vida escolar e que o diálogo se estabeleça, pois educação é processo civilizatório, é trabalho coletivo, é persuasão. A violência não será resolvida simplesmente com medidas repressivas”.

Para Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, o estudo demonstra que as escolas se tornaram permeáveis a atos violentos. “Nossa pesquisa revela que há muitos tipos de violência acontecendo nas escolas públicas. Por outro lado, mostra também que a comunidade escolar e a população estão cada vez mais conscientes, exigindo uma solução urgente para esse problema”, analisa. “A violência, em todas as suas manifestações, frustra a vocação do espaço escolar. É especialmente preocupante verificar a quantidade de professores e estudantes que relatam episódios de discriminação, indicando que talvez ainda não estejamos sabendo lidar adequadamente com esse tema dentro das escolas”, completa Meirelles.

A professora Bebel concorda. E acrescenta: “Isso passa, necessariamente, pela valorização dos profissionais da educação, sobretudo os professores, e por medidas efetivas para equipar melhor as unidades escolares, construir de forma coletiva uma proposta curricular que responda aos anseios dos estudantes e para tornar cada escola um local agradável no qual estudantes, professores e funcionários queiram estar”.

*A pesquisa ouviu 1 mil estudantes e 701 professores em todo o Estado de São Paulo entre setembro e outubro de 2019. Além disso, o estudo ainda entrevistou 1.516 pessoas em todo o país sobre os mesmos temas. O objetivo é monitorar a percepção sobre a qualidade da educação, a segurança nas escolas e outros temas relevantes para a educação pública.

 

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