•  sábado, 20 de abril de 2024

McFly lança álbum com trecho de música brasileira e banda reunida após ‘terapia’

Ciúme, ressentimento e falta de comunicação foram alguns dos motivos que mantiveram os quatro integrantes da banda McFly separados por quase três anos, entre 2017 e 2019.

E também os que levaram Tom, Danny, Harry e Dougie a procurarem terapia de grupo no ano passado, quando decidiram tentar uma reaproximação.

Nesta sexta (13), quase um ano após o show de reunião da banda, o McFly lança seu primeiro álbum de inéditas em dez anos: “Young dumb thrills”.

O trabalho não tem uma identidade definida: ele tem um pouquinho de todas as músicas do McFly porque a banda queria refletir a alegria de gravar pela primeira vez depois de muito tempo – e muita DR.

Em entrevista ao G1Danny Jones, vocalista e guitarrista, e Harry Judd, baterista, explicam como foi esse processo de reaproximação e falam sobre os projetos futuros (incluindo um novo álbum mais conceitual).

Este é o sexto de estúdio da banda que emplacou sete músicas em primeiro lugar nas paradas britânicas entre 2004 e 2007. Sucesso entre adolescentes nos anos 2000 com pop rock e pop punk, a banda enfrentou críticas com o último disco, “Above the noise”, lançado em 2010 com batidas eletrônicas. Agora, eles voltam às origens de sonoridade e letras.

Com muitos fãs no Brasil, a banda tem um presente para o fã-clube do país: “Happiness”, principal single da nova fase, tem um trecho de uma música brasileira: “A bela e a fera”, do grupo maranhense Nonato e seu conjunto.

Veja os principais trechos da entrevista com Danny Jones e Harry Judd:

G1 – De quem foi a ideia de juntar a banda de novo e lançar este álbum?

Harry – Nós todos queríamos voltar com a banda, só precisou de tempo para que isso acontecesse. Nós nunca realmente nos separamos, nunca decidimos que ela havia acabado. Foi um processo. Era mais um caso de quando iria acontecer e não se iria acontecer.

Mas uma vez que decidimos, o primeiro episódio foi fazer só um show. Depois, nós marcamos o estúdio. Falamos “Vamos agendar o estúdio por dois meses e ver o que acontece”. E nós basicamente escrevemos o álbum inteiro naqueles dois meses e gravamos a maioria das músicas. Finalizamos a músicas no lockdown.

Sabe, uma coisa positiva do lockdown é que conseguimos ir para o estúdio antes que ele começasse. E aí, quando ficamos presos em casa, tivemos que focar em terminar as músicas. Não tínhamos liberdade para fazer as coisas no nosso tempo. Se tivéssemos, provavelmente não existiria um álbum agora.

G1 – E por que escolheram ‘Happiness’, ‘Tonight is the night’ e ‘Growing up’ como singles?

Danny – Nós assinamos com a BMG, e isso é maravilhoso, termos conseguido assinar um contrato de novo depois do que foi a Super Records [gravadora própria lançada pela banda em 2008]. Nós deixamos a gravadora escolher as músicas preferidas. Obviamente iríamos dizer sim ou não, mas foi bom ter uma equipe cuidando do nosso trabalho de novo.

Harry – Eles nos deram confiança. Eu acho que “Happiness” foi a primeira porque é uma música otimista. E, depois do que nós passamos, achamos que essa era a música certa. Até pelo momento que o mundo estava passando também. “Growing up” é especial para o Dougie, ele escreveu o refrão e estava colaborando com o ídolo dele, é temperamental, mas divertida. A gravadora amou essa música. E para o último single, tivemos um debate, mas achamos que “Tonight is the night” é tinha mais significado, uma mensagem importante.

G1 – ‘Young dumb thrills’ é uma mistura dos sucessos do McFly: tem música mais alegre, simples, introspectiva e séria. O que inspira vocês agora, tanto em questão de letra quanto de som?

Danny – Este álbum é mais, eu diria que é provavelmente uma mistura de dez anos de inspirações vindo todas juntas depois do último que nós fizemos. O próximo eu acho que será um álbum mais conceitual, algo como “Motion in the ocean”, mas esse era sobre deixar a banda feliz, criar música, não ter regras. Quer dizer, não pensar demais sobre as coisas, apenas trabalhar e se divertir. Foi isso para este álbum, simples assim.

Harry – Reunimos tudo que compõe o McFly neste álbum. Tem músicas felizes, músicas introspectivas, sobre emoções, corações partidos. Definitivamente é o álbum com mais variedade que já fizemos.

G1 – Esta é uma reunião final ou a banda está de volta de verdade?

Danny – Voltamos de verdade. É como uma família que mudou de casa e agora voltou para casa de novo. É isso.

E eu acho que, olhando para trás, essa foi uma das melhores coisas que poderíamos ter feito porque isso só nos fez perceber quão patéticos nós somos sem a banda.

 

Harry – Particularmente você

Danny – Particularmente eu. Não, eu era brilhante, minha carreira solo estava bombando. Mas eu sinto que isso nos fez apreciar uns aos outros, a banda e o trabalho que nós fazemos. Por mais que sejamos bobos e imaturos, quando fazemos um álbum do McFly, muita coisa acontece. Precisa de muita emoção, muito tempo e muito esforço para entrar no estúdio de novo.

Harry – Nós não voltamos só para tocar “All about you” e “Five colours in her hair”. Queremos continuar seguindo em frente como uma banda.

Danny – Estamos prontos para fazer o próximo álbum, acabamos de começar a fazê-lo.

G1 – Teve muita especulação sobre o que levou ao hiato da banda, boatos sobre ciúmes, inveja e até terapia de grupo. O que é verdade nesta história?

Harry – É realmente difícil para nós porque, a não ser que eu sente e converse com você por duas horas, não vou conseguir dar uma boa resposta porque nós ainda não conversamos totalmente sobre isso. Mas sim, nós realmente tivemos uma sessão de terapia de grupo.

Danny – Foi basicamente para fazer os caras se comunicarem. Nós somos terríveis com isso. Eu ficava sentindo falta de uma mensagem e só seguimos assim por três anos. Há muitos níveis nos quais precisamos nos comunicar.

 

Harry – Eu sou bom em me comunicar. Mas sim, houve ressentimento, ciúme e outras pessoas passando por situações em suas vidas pessoais que afetaram a maneira como elas se comportavam. Isso teve efeito em outras pessoas, em outras situações. Então é difícil responder a menos que nós pudéssemos sentar e passar duas horas com você.

McFly anuncia retorno aos palcos — Foto: Reprodução/Instagram

G1 – Em ‘Happiness’, tem um trecho de uma música brasileira. Nós ficamos muito surpresos por aqui. Como vocês encontraram a música?

Harry – Nós não encontramos. Jordan Cardy, nosso colaborador nesse álbum, tinha o sample. E ele fez o refrão de “Happiness”.

Danny – Teve alguma coisa que despertou isso, mas eu definitivamente me lembro de ter ouvido o sample circulando porque tínhamos pequenos estúdios em três configurações diferentes: o principal, o meu e o do Jordan. E tínhamos essa conexão com samples coletados ao longo dos anos. E esse foi o que, quando estávamos trabalhando em uma ideia, pensamos “vai ficar bem legal”. E a ideia nasceu, achamos que soava bem. Acabamos trabalhando nisso.

G1 – Vocês estão voltando dez anos depois do último álbum, e os fãs do McFly, a maioria adolescente nos anos 2000, cresceram. A estratégia é mirar nos fãs antigos ou conquistar o público mais jovem?

Harry – Nós sempre queremos mais fãs, mas também queremos manter nosso público. É uma balança difícil de acertar. Nunca tivemos uma conversa sobre como direcionar nossas músicas para públicos distintos ou como trabalhar para colocar nossas músicas nos rádios e em playlists porque não queremos lidar com isso. A coisa mais importante nesse primeiro momento é nos divertirmos com o que estamos fazendo.

G1 – A escolha do Jordan Cardy, que faz sucesso crescente entre os jovens britânicos, para colaborar neste álbum foi uma maneira de atualizar o Mcfly?

Harry – Na verdade, foi uma surpresa para nós. Jason Perry, que produziu “Motion in the Ocean” e “Radioactive” para nós, estava trabalhando com o Jordan também. Depois, o Dougie o conheceu e eles começaram a trabalhar em uma música juntos. Então nosso produtor disse: “Vocês precisam gravar com o Jordan, ele é ótimo”, e marcou duas semanas no estúdio com ele. Nós nos demos bem imediatamente, ele se encaixou na banda, com nosso senso de humor, ele tem ótimas ideias.

O Danny tem ideias brilhantes de produção e o Jordan pensou em jeitos interessantes de finalizar as músicas, coisas que a gente não teria pensado. Em “Tonight is the night”, tem vários pequenos toques do Jordan que deixaram a música mais legal. Danny que produziu a música, mas o Jordan colocou efeitos sobre ela. Foi assim em 80% do álbum, esse trabalho conjunto.

Eu vejo o Jordan como um pedaço desse update do McFly, que nos ajudou a modernizar os arranjos.

 

G1 – Danny, nos cinco álbuns do McFly, o Tom sempre foi o vocal principal. Nas ‘Lost songs’, que vocês lançaram ano passado, você cantava mais. Agora, o Tom voltou a liderar. É por que você assumiu esse papel de produção das músicas? E essa questão te incomoda?

Danny – Na verdade, começa cantando quem aprender a letra primeiro.

Harry – Na verdade, o Danny liderou o vocal das seis primeiras faixas das “Lost songs” por uma escolha consciente. Nós achamos que a voz dele encaixava melhor e estávamos explorando a ideia de ter apenas um cantor por música. Mas, na segunda metade, o Tom e o Danny já estavam dividindo de novo, decidimos assim. Em “Young dumb thrills”, está bem equilibrado.

Danny – É, e o Tom teve um probleminha na voz durante as gravações, ele até precisou ir ao médico para tratar. Então nós aproveitamos a voz dele enquanto ele podia cantar e depois eu assumi.

Harry – Além disso, o Dougie está cantando mais nesse álbum também, vai ser uma surpresa para os fãs.

G1

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