•  terça-feira, 23 de abril de 2024

Alunos reproduzem obras de pintores famosos nas portas de escola municipal na Zona Norte de SP

Alunos reproduziram obras de grandes pintores nacionais e internacionais nas portas da escola municipal Rui Bloem, em Pirituba, na Zona Norte de São Paulo. São cerca de 40 portas pintadas com pinturas famosas, que vão do expressionismo de Van Gogh à africanidade de Chica Sales.

Segundo a professora de Artes que coordena o projeto, Priscila Trentin, ela sentia que os alunos do 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental precisavam sair das pinturas feitas em telas para imergir ainda mais no universo da arte.

“Eu não via a marca dessas crianças na escola e isso me incomodava”, disse Priscila. “Então, eu reuni as crianças que já faziam parte do projeto de pintura em tela e começamos a escolher as obras que iríamos reproduzir nas portas”, completou.

Os estudantes também pintaram grafismos indígenas e artistas modernistas, como Vik Muniz e Basquiat, e reproduziram obras do artista irlandês Christy Brown, que pintava com os pés por conta de uma paralisia cerebral que limitou seus movimentos.

Antes de desenvolver as pinturas, os alunos do projeto tiveram aulas sobre a história de cada autor que desejavam reproduzir. De acordo com Priscila, é neste momento que os alunos entendem o contexto em que a pintura foi feita, o que gera identificação e aproxima os jovens dos artistas.

“Eles se identificam muito com a história dos pintores, pois estão inseridos em um ambiente marginalizado também. Ou seja, ensinando a história do Basquiat, por exemplo, nós podemos falar sobre homossexualidade, dependência química, sobre o gueto e até imigração”, afirma.

“Eu pensava que esses pintores clássicos tinham vidas normais. Pensava que eles cresciam, trabalhavam e se casavam. Quando eu pesquisei mais eu percebi que a vida deles era uma loucura e que não era muito diferente da nossa“, diz a aluna do projeto Keysi dos Santos.

O projeto é realizado no contraturno das aulas e, para o diretor da Emef, Rodolfo Pauzer, ajuda a manter o aluno em contato com o conhecimento.

“É uma comunidade extremamente vulnerável e, tirar esse aluno da rua e trazer para a escola por um tempo um pouco maior, ajuda na proteção dessa criança. É uma forma de proteção”, explica o diretor da Emef, Rodolfo Pauzer.

Cada obra reproduzida conta com a descrição do artista original, técnicas aplicadas, dimensões e localização atual da obra, fazendo com que os estudantes também desenvolvam habilidades de pesquisa, história, geografia e língua portuguesa.

Além do conhecimento técnico e prático, os alunos que participam do projeto contam que esse período a mais que passam na escola é importante para expressar sentimentos e extravasar angústias.

“Antes a gente ficava em casa, dormindo ou até mesmo na rua. Quando a professora começou com o projeto, nós começamos a gostar e fomos nos apegando às telas”, diz Keysi.

“Eu já desenhava, mas comecei a pintar mais depois que minha família começou a ter problemas, aí eu comecei a expressar minha raiva nos desenhos para poder me aliviar”, pontuou a estudante e também aluna do projeto Elaine Dina.

A maioria das portas da escola já ganhou uma obra. Mas o que vai acontecer quando todas estiverem pintadas? Para aluno Pedro Figueira, a arte ultrapassa qualquer limite físico.

“Não importa o lugar ou o material que você está usando, sempre vai ser uma forma de expressão. Você sempre vai estar liberando algo que está dentro de você”, disse.

G1
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