•  terça-feira, 10 de dezembro de 2024

A tigela de madeira

Um senhor de idade foi morar com seu filho, nora e o netinho de quatro anos de idade.

As mãos do velho eram trêmulas, sua visão embaçada e seus passos vacilantes.

A família comia reunida à mesa. Porém, as mãos trêmulas e a visão falha do avô o atrapalhavam no momento da refeição. Ervilhas rolavam de sua colher e caíam no chão. Quando pegava o copo, leite era derramado na toalha da mesa. O filho e a nora irritavam-se com a bagunça.

– Precisamos tomar uma providência com respeito ao papai – disse o filho.

– Já tivemos suficiente leite derramado, barulho de gente comendo com a boca aberta e comida pelo chão.

Então, eles decidiram colocar uma pequena mesa num cantinho da cozinha. Ali, o avô comia sozinho enquanto o restante da família fazia as refeições à mesa, com satisfação.

Desde que o velho quebrara um ou dois pratos, sua comida agora era servida numa tigela de madeira. Quando a família olhava para o avô sentado ali sozinho, às vezes ele tinha lágrimas em seus olhos. Mesmo assim, as únicas palavras que lhe diziam eram admoestações ásperas quando ele deixava um talher ou comida cair ao chão.

O menino de quatro anos de idade assistia a tudo em silêncio.

Uma noite, antes do jantar, o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pedaços de madeira. Ele perguntou delicadamente à criança:

– O que você está fazendo?

O menino respondeu docemente:

– Oh, estou fazendo uma tigela para você e mamãe comerem, quando eu crescer.

O garoto de quatro anos de idade sorriu e voltou ao trabalho.

Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que eles ficaram mudos. Então lágrimas começaram a escorrer de seus olhos. Embora ninguém tivesse falado nada, ambos sabiam o que precisava ser feito.

Naquela noite, o pai tomou o avô pelas mãos e gentilmente conduziu-o à mesa da família. Dali para frente e até o final de seus dias ele comeu todas as refeições com a família. E, por alguma razão, o marido e a esposa não se importavam mais quando um garfo caía, leite era derramado ou a toalha da mesa sujava.

De uma forma positiva, aprendemos que não importa o que aconteça, ou quão ruim pareça o dia de hoje. A vida continua, e amanhã será melhor.

Aprendemos que se pode conhecer bem uma pessoa pela forma como ela lida com três coisas: um dia chuvoso, uma bagagem perdida e os fios das luzes de uma árvore de natal que se embaraçaram.

Aprendemos que não importa o tipo de relacionamento que tenha com seus pais, você sentirá falta deles quando partirem.

Aprendemos que “saber ganhar” a vida não é a mesma coisa que “saber viver”.

Aprendemos que a vida, às vezes, nos dá uma segunda chance e que viver não é só receber, mas também dar.

Aprendemos que se procurarmos a felicidade, iremos nos iludir. Mas, se focalizarmos a atenção na família, nos amigos, no trabalho, nas necessidades dos outros, e procurarmos fazer o melhor, a felicidade nos encontrará.

Aprendemos que sempre que decidimos algo com o coração aberto, geralmente acertamos. E que quando sentimos dores, não precisamos ser uma dor para outros.

Aprendemos que diariamente precisamos alcançar e tocar alguém. As pessoas gostam de um toque humano, receber um abraço afetuoso, ou simplesmente um tapinha amigável nas costas.

Aprendemos que ainda temos muito que aprender.

aprendemos que as pessoas se esquecerão do que dissemos, esquecerão o que fizemos, mas nunca esquecerão como as tratamos.

Paulo Oliveira

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PROCLAMAS – 07/02/2019 – EDIÇÃO 896

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