•  terça-feira, 16 de abril de 2024

Deu a louca nos humanos

 

Atualmente, quase 400 anos depois da morte do cientista Galileu Galilei (cujo nome mais parece uma conjugação verbal), todo mundo já sabe que, embora muitos o tenham chamado de louco em sua época por, entre outras coisas, dizer que a Terra não era o centro do universo, o italiano estava coberto de razão e o tempo foi suficiente para provar suas teorias, amparadas, vale destacar, em estudo científico, ainda que bastante rudimentar se comparado aos recursos de hoje.

Na História, aliás, não faltam exemplos de pessoas tratadas como loucas ou sendo alvos de chacota até que, muito tempo depois, provou-se estarem certas. Os motivos, muitas vezes, eram de estarem à frente de seu tempo. Invariavelmente, era comum também que fossem estudiosos que dedicavam muito tempo às pesquisas relacionadas ao assunto que queriam de provar.

Bom, chegamos à era moderna e, ao contrário do que esperavam da gente no passado, o que mais tem hoje é maluco propagandeando teorias ainda mais malucas sobre basicamente qualquer coisa que possa ser conspiracionada. E eu não sou cientista para dizer porque isso acontece, acredito que os malucos sempre estiveram por aí, mas só que agora (e peço perdão antecipado por utilizar o termo), eles tomaram as chaves do “manicômio”.

E não é difícil encontrá-los, graças às redes sociais. No Twitter, por exemplo, onde a loucura costuma correr mais solta, é comum a circulação de mensagens defendendo a Terra plana, os reptilianos, a nova ordem mundial e todo tipo de teoria da conspiração que pessoas sensatas, acreditávamos, jamais levariam em consideração.

Além da internet ter dado voz a quase todo mundo, outro fator que talvez tenha ajudado a fortalecer e engrossar o caldo de insanidade que circula por aí são os “Falsos malucos”, ou seja, gente que nem bota fé realmente no que tá falando, mas usa o discurso para fortalecer alguma narrativa. Isso, aliás, cai na conta das fake news. E por que alguém dá trela para conversas que qualquer pessoa com um mínimo de discernimento não levaria em consideração? Simples: porque é útil.

Veja bem, é muito fácil você convencer alguém a te apoiar e engolir sua narrativa, mesmo que seja uma bobageira que contrarie a realidade, distorcendo fatos ou mesmo negando coisas que você mesmo disse, se a pessoa for uma alienada de carteirinha.

Só nessa quarta-feira em que Biden assumiu a presidência dos Estados Unidos, vi incontáveis mensagens sobre o novo mandatário americano ser um robô ou Donald Trump possuir clones, que estariam assumindo o seu lugar periodicamente para distrair do que o verdadeiro estaria fazendo (que seria se reunir com o exército americano para prender Biden, que teria fraudado a eleição).

E esse é só um dos exemplos que, em tempos de corona, focaram não apenas na doença como também nas formas de combatê-la (fakes sobre máscaras contaminadas, vacina que transforma em jacaré, inclusão de nanochips no sangue para espionagem, etc).

Em tempo: duvidar do status quo e buscar pensar por si mesmo sem apenas engolir tudo que lhe é apresentado, seja pelos meios de comunicação, seja por correntes no WhatsApp, pode ser algo positivo, desde que, assim como Galileu e tantos outros antes de nós, seja feito com pesquisa e baseado em métodos científicos e não apenas tendo como fontes as “vozes na minha cabeça”.

Isso, aliás, me lembra de uma história que ouvi uma vez na escola, e que descreve o meu sentimento ao me dar conta no que acreditam algumas pessoas:

Era sobre um cientista que, ao ser apresentado ao microscópio recém inventado, disse que não podia acreditar. Indagado sobre estar vendo com os próprios olhos, respondeu “sim, estou vendo, sei que é verdade, mas não posso acreditar”.

Por Luciano Rodrigues

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