•  sexta-feira, 19 de abril de 2024

Quem quer ser um milionário?

Todo mundo, em algum momento da vida, já sonhou em ganhar uma bolada – em dinheiro, não em pancada com bola – e encostar o burro na sombra. Geralmente, os sonhos de nós, reles mortais, ficam em acertar na Mega Sena, na Tele Sena, na Raspadinha que seja, e qualquer milhão de reais já resolveria todos os nossos problemas. Será?

Acredito que, assim como eu, a grande maioria das pessoas nunca parou realmente para pensar o que faria se um milhão de reais batesse na sua conta bancária. Claro, como eu disse no início, todos nós já pensamos nas viagens que faríamos, nas contas que quitaríamos e nas coisas que compraríamos se ganhássemos, mas a verdade é que quase ninguém saberia bem o que fazer. 

Estivesse pensando nisso esses dias – sem motivo algum, não imagino alguma forma de pingar tal quantia na minha conta –, confabulando mentalmente e sozinho o que faria. E na realidade, nem saberia.

Primeiro porque, assim como Calvin (de Calvin e Haroldo), embora eu seja uma pessoa simples, meus sonhos são extravagantes. Criar uma nova realidade baseada em dinheiro demandaria que eu herdasse a fortuna do Jeff Bezos, fundador da Amazon, que no ano passado possuía, segundo a Forbes, 131 bilhões de dólares. Além disso, é dono de algumas outras empresas, como o jornal The Washington Post, um dos mais importantes do mundo – tendo sido responsável pela revelação de informações que levaram à renúncia do então presidente americano Richard Nixon, no escândalo de Watergate, nos anos 70. 

Na verdade, eu me contentaria com os 4% da Amazon que a ex-esposa de Bezos levou no divórcio, algo em torno de 36 bilhões de dólares. O único problema, nesse caso, seria ter de casar com o carequinha antes. Infelizmente acho que ele não iria topar…

Ainda no ranking dos homens mais ricos do mundo e cuja fortuna resolveria não só a minha e a sua vida, como também, provavelmente, de uma parcela grande da população mundial, aceitaria uma parte da fortuna de mais de 95 bilhões de dólares do Bill Gates, que liderou a lista até 2017, mesmo sendo uma das pessoas do mundo que mais faz filantropia – sua fundação, Bill & Melinda Gates, já doou cerca de 30 bilhões de dólares para causas humanitárias, estima-se.

Poderia descer um pouco mais e ficar com uma pequena porcentagem dos 62,3 bilhões de dólares do Mark Zuckerberg; seria uma recompensa por todas as vezes que fiz grandes postagens no Facebook – tá, ok, minhas 10 curtidas nos posts não valem muita coisa, reconheço. 

Mas saindo de uma realidade vivida apenas por 1% dos seres humanos vivos, cujas cifras exorbitantes parecem ilimitadas (e praticamente são), e voltando à realidade do milhão, não sei se a metáfora é válida e dinheiro na mão é vendaval, mas é certo que ele traz problemas. E nem estou me referindo à casos onde o feliz ganhador de um prêmio da loteria se torna o infeliz ganhador de um assassinato para ter a fortuna roubada, não, nada filosófico assim, apenas a questão pura e simples: o que fazer com uma quantia alta de dinheiro, mas que não beira nem de longe as indecentes fortunas dos mais ricos do mundo?

Atualmente tá cheio de coach financeiro por aí explicando não apenas como conseguir o seu milhão, como também mantê-lo, parar de trabalhar e levar uma vida suave, um tanto modesta, mas com o dinheiro rendendo por conta própria e sem que seja preciso fazer nenhum esforço. Basta acompanhá-los em vídeos – feitos em sequência e quase sempre antes do sol nascer (aparentemente, Deus ajuda quem cedo madruga) – e seguir todas as suas dicas.

Pensando assim, logo deveremos estar rodeados de milionários por aí, porque até que é fácil (não para mim, acordar muito cedo me é impossível). A pergunta de um milhão de dólares no entanto, ainda é a mesma: Quem quer ser um milionário?

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